TEORIA DA VEROSSIMILHANÇA
A Teoria da Verossimilhança Preponderante (ou "Preponderance of the Evidence", no common law) é um padrão de prova utilizado principalmente em sistemas jurídicos de common law (como EUA e Reino Unido) para resolver casos civis complexos, nos quais o juiz ou júri enfrenta dúvidas sobre os fatos.
1. O que é a Teoria da Verossimilhança Preponderante?
É um critério que determina que uma parte vence o litígio se provar que sua versão dos fatos é mais provável que a do adversário – ou seja, se houver mais de 50% de chance de estar correta.
Em outras palavras:
Não é necessário certeza absoluta (como no padrão "além de dúvida razoável", usado no direito penal).
Basta que a alegação seja mais convincente, coerente e provável que a da parte contrária.
2. Quando se aplica?
Esse padrão é comum em casos cíveis (como indenizações, contratos, direito de família), especialmente quando:
As provas são contraditórias.
Não há testemunhas ou documentos definitivos.
O juiz precisa decidir com base em indícios e inferências.
3. Como funciona na prática?
Imagine um caso em que "A" acusa "B" de quebrar um contrato:
Se "A" apresentar documentos, testemunhas e lógica jurídica que façam sua versão parecer 51% provável, ele ganha.
Se as provas ficarem equilibradas (50% x 50%), "B" vence, pois o ônus da prova era de "A".
4. Diferença para outros padrões de prova
"Além de dúvida razoável" (penal): Exige quase certeza (90%+).
"Prova clara e convincente" (casos especiais, como perda de pátrio poder): Exige alta probabilidade (70-80%).
Verossimilhança preponderante: Basta "mais provável que não" (>50%).
5. Vantagens e críticas
✔ Prático: Permite decisões mesmo com lacunas probatórias.
✔ Justo: Distribui o ônus da prova de forma equilibrada.
✖ Subjetivo: Depende da interpretação do juiz/júri sobre "o que é mais provável".
✖ Risco de erros: Decisões podem ser baseadas em inferências frágeis.
6. Exemplo Jurídico
Nos EUA, em um caso de danos morais, o autor ganha se convencer o júri de que há maior probabilidade de o réu ter agido de má-fé. Não precisa de prova irrefutável – apenas de uma narrativa mais convincente.
7. Conclusão
A teoria da verossimilhança preponderante é um instrumento essencial para superar a dúvida em casos complexos, garantindo que a justiça seja feita mesmo sem certeza absoluta. Seu uso reflete a flexibilidade do common law, priorizando a justiça prática em vez de formalismos extremos.
8. Caso
Informativo 842 do STJ, 02/2025.
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